O colágeno se tornou um dos suplementos mais comentados quando o assunto é beleza e saúde da pele. Mas será que ele realmente cumpre o que promete? Hoje, eu vou te contar por que não prescrevo colágeno oral para minhas pacientes.
Antes de investir em diversos produtos, é importante entender como o colágeno atua no organismo, o que a ciência já comprovou e quais estratégias realmente fazem diferença no envelhecimento cutâneo.
Você vai entender de forma direta e baseada em evidências científicas o que você precisa saber sobre o colágeno e seus reais efeitos na pele.
Assista aqui os vídeos que publiquei no Instagram, falando sobre esse assunto:
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O colágeno é uma proteína formada por aminoácidos. Quando ingerido em forma de suplemento, ele não chega intacto até a pele. No processo de digestão, precisa ser quebrado em fragmentos menores, como dipeptídeos e tripeptídeos bioativos, que são então absorvidos.
O ponto crucial é que esses fragmentos não têm destino certo: podem ser utilizados em diferentes tecidos do corpo, como músculos, articulações ou qualquer outro local do organismo que esteja precisando dessas moléculas.
Isso significa que não há garantia de que o colágeno ingerido será usado exclusivamente para melhorar firmeza ou elasticidade cutânea.
Ingerir colágeno ou outros aminoácidos não é suficiente para estimular diretamente a produção de colágeno na pele. Esse processo depende da atividade dos fibroblastos, as células que sintetizam essa proteína. Se eles não estiverem metabolicamente ativos, não adianta fornecer mais matéria-prima.
Alguns estudos até relatam benefícios como maior hidratação e elasticidade da pele com a suplementação de colágeno. Mas há um detalhe importante: poucos consideram a dieta de base dos participantes. Será que os efeitos vêm do colágeno em si ou do simples aumento da ingestão proteica?
Vale lembrar que alimentos como ovos, carnes magras e whey protein são fontes de proteínas mais completas e com melhor perfil de aminoácidos.
O colágeno, além de ter baixo valor biológico (por ser pobre em lisina, triptofano, metionina e cisteína), também costuma ter um custo bem mais alto por grama de proteína.
O grande inimigo do colágeno não é somente a ausência dele na dieta, mas a exposição solar sem proteção ao longo dos anos.
A radiação ultravioleta é capaz de desorganizar a estrutura da derme, inibir a produção de colágeno novo e acelerar a flacidez.
Por isso, mais do que apostar em suplementos, a verdadeira estratégia para preservar o colágeno cutâneo é investir em hábitos consistentes: uso diário de protetor solar, rotina de cuidados com ativos comprovados como retinoides, e, quando indicado, tratamentos em consultório como bioestimuladores de colágeno, que reativam os fibroblastos e ajudam a manter a pele firme.
A suplementação de colágeno pode trazer pequenas melhorias em alguns casos, mas não deve ser vista como solução única ou definitiva.
O que realmente preserva a pele jovem e saudável é a combinação entre proteção solar, uma alimentação equilibrada e intervenções médicas bem indicadas.
Se o objetivo é firmeza, textura e prevenção da flacidez, não existe atalho: é a ciência, a constância e as escolhas conscientes que entregam resultado.