

Nos últimos anos, uma frase ganhou força no universo da estética:
“Depois dos 25, perdemos 1% de colágeno por ano.”
Mas esse número, repetido à exaustão, é uma simplificação grosseira de algo muito mais complexo.
O colágeno não é um número fixo, nem algo que possa ser “acumulado” como se fosse uma reserva bancária.
E entender isso é essencial para cuidar da pele com propósito e não com pressa.
Veja aqui o conteúdo que publiquei no Instagram sobre esse assunto:
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Essa ideia nasceu de um único estudo antigo, com metodologia limitada, que acabou sendo transformado em uma “verdade científica”.
O problema é que ele reduz um sistema biológico multifatorial a uma taxa linear e imutável.
Na prática, a velocidade de perda de colágeno varia de pessoa para pessoa, influenciada por fatores como exposição solar, genética, estado hormonal, metabolismo e até pela região do corpo avaliada.
Ou seja, não existe um mesmo “1% ao ano” para todos.
Existem vários tipos de colágeno, com diferentes formas de organização, ligações e interações entre si.
Além disso, ele atua junto com outras estruturas, elastina, ácido hialurônico, gordura e osso, formando um sistema dinâmico.
Por isso, dois rostos podem ter a mesma quantidade de colágeno e firmezas completamente distintas.
O que envelhece não é apenas a quantidade, mas a qualidade e a forma como esse colágeno se organiza.
E mais: o famoso “1%” se refere ao saldo total, não à capacidade de produzir colágeno.
Isso muda completamente a forma de compreender a fisiologia do envelhecimento cutâneo.
Cada pessoa tem um ritmo próprio de remodelação da pele, com momentos de estímulo, pausa e adaptação.
Por isso, a indicação de bioestimuladores não deve ser feita por idade, mas por necessidade clínica.
Há pacientes que precisam redensificar a pele, outras que se beneficiam de fortalecer ligamentos ou restaurar volume, e há aquelas em que o melhor tratamento é apenas manter o equilíbrio.
A verdadeira prevenção está em preservar o balanço entre produção, degradação e sustentação, respeitando o tempo biológico e a história de cada rosto.
Estimular colágeno faz sentido quando há propósito, não apenas porque o calendário mudou de número.
Você não precisa de um banco de colágeno.
Precisa de um plano coerente com o seu rosto, o seu tempo e a sua história.
É assim que a dermatologia deixa de ser marketing e se torna ciência aplicada à beleza.