

A chamada “rotina coreana” se transformou em sinônimo de pele perfeita. Mas, antes de repetir cada um dos seus dez passos, é necessário um questionamento honesto: será que aquilo que funciona na Coreia faz sentido para a sua pele — brasileira, com outra genética, outro clima e outra história?
Porque, quando ignoramos essas diferenças, o cuidado deixa de ser estratégia e passa a ser improviso.
Grande parte do que consumimos como “segredo coreano” é marketing — bem construído, mas distante da realidade da pele brasileira.
O clima da Coreia é frio e úmido, com tendência a peles menos oleosas e mais sensíveis. Isso modifica completamente a formulação dos produtos e o desenho das rotinas.
O que funciona lá nem sempre funciona aqui. E o resultado é previsível:
rotinas criadas para uma pele que não é a sua.
Quando uma brasileira tenta reproduzir inúmeras camadas de produtos, não raro surgem os efeitos colaterais: brilho excessivo, irritação, sensibilidade e frustração. Não pela falta de cuidado — mas pelo excesso sem propósito.
O problema não está no cuidado.
Está no exagero.
A pele não precisa de acúmulo; precisa de estratégia.
Diagnóstico, precisão e constância valem muito mais do que dez passos sem lógica clínica.
Uma rotina eficaz respeita:
a biologia da pele,
o clima em que você vive,
seus hábitos,
e o seu momento de vida.
Não segue tendências; segue coerência.
E, quando existe método, menos é mais.
Se existe algo realmente valioso na filosofia coreana, é o respeito à barreira cutânea.
A luminosidade — o brilho interno, o viço, a reflexão uniforme da luz — nasce da integridade do estrato córneo, a camada mais externa da pele.
Por muito tempo, o cuidado ocidental apostou na agressão:
sabonetes que repuxam, ácidos fortes, limpezas excessivas.
Tudo isso compromete lipídios, ceramidas e proteínas essenciais.
O estrato córneo funciona como uma engenharia precisa entre queratinócitos e lipídios.
Quando renovamos demais sem hidratar, abrimos caminho para inflamações, irritação e perda de água.
O resultado?
O oposto da Glass Skin: uma pele fragilizada e opaca.
Nas minhas pacientes, o que funciona é:
baixas concentrações de ácidos, personalizadas;
sabonetes suaves;
limpeza gentil;
hidratação ajustada à realidade da pele brasileira.
Ciência aplicada com método. Não tendência aplicada sem critério.
A rotina coreana nos ensina delicadeza — e isso é valioso.
Mas cuidado não se faz por moda.
Cuidado se faz com precisão, responsabilidade e verdade.
Se você busca uma rotina que respeite sua história, seu clima e sua biologia, o caminho não está em copiar dez passos.
Está em compreender o que a sua pele pede — e essa resposta vem do diagnóstico clínico, não do algoritmo.