Por que nem sempre ele é o melhor caminho?
Recebo diariamente perguntas sobre preenchimento de olheiras. E, apesar de ser um dos procedimentos mais divulgados nas redes, nem sempre ele é o mais indicado — e em muitos casos, pode até piorar o quadro.
Isso porque o preenchimento com ácido hialurônico só funciona quando o problema está ligado à perda de volume. E essa é apenas uma das muitas causas possíveis para o aspecto escurecido ou fundo ao redor dos olhos.
Antes de tudo, é importante entender:
A presença de um sulco entre a pálpebra e a bochecha é anatomicamente esperada. Mas a estética dos filtros nos acostumou a acreditar que não deveria haver transição ali.
Essa região é composta por estruturas profundas — osso, gordura, ligamentos — cobertas por uma pele muito fina, e com um sistema linfático naturalmente mais lento. Quando o ácido hialurônico é aplicado sem precisão (ou em excesso), pode comprimir vasos, agravar inchaços ou deixar a pele com aspecto irregular.
Por isso, a indicação correta depende de um diagnóstico cuidadoso. Tratar sem avaliar a causa é um risco real — e pode piorar o que já incomodava.
Na prática, a maioria das pacientes que acha ter olheira pigmentada não tem. A avaliação com dermatoscopia é essencial para diferenciar real acúmulo de melanina de um simples jogo de luz e sombra.
Quando há pigmento, o tratamento é com clareadores e tecnologias como o laser.
Quando há sombra, o preenchimento pode ser útil — mas são abordagens completamente diferentes.
A transparência da pele faz com que os vasos da região fiquem visíveis, resultando em uma tonalidade violácea.
O ácido hialurônico pode ajudar, mas exige cuidado extremo na aplicação. O ideal é combinar com estímulo de colágeno e melhora da espessura da pele com tecnologias específicas.
Com o tempo, perdemos gordura e até estrutura óssea, e isso acentua a sombra entre pálpebra e bochecha.
Nestes casos, o preenchimento pode fazer parte do plano — mas não sem antes abordar a flacidez com bioestimuladores, ultrassom microfocado e até laser, conforme a indicação.
O aumento do volume da gordura palpebral pode projetar sombra, dando a impressão de olheiras ou inchaço constante.
Já em pacientes jovens, a contração muscular exagerada — comum em quem tem rinite ou dermatite — também marca a região.
Aqui, as estratégias vão desde a toxina botulínica até o uso de tecnologias, e em alguns casos, cirurgia.
Não existe fórmula pronta.
Mas existe diagnóstico — e isso faz toda a diferença.
Além da avaliação clínica detalhada, utilizo o ultrassom portátil para analisar em tempo real a profundidade do osso, músculo e gordura em relação à pele. Isso nos dá segurança para decidir se o preenchimento é indicado ou não e o melhor tratamento.